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O que é a Economia?
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A Economia é frequentemente considerada uma ciência árida ou “sombria”. Nas escolas, é muitas vezes ensinada com um foco em gráficos abstractos de oferta e procura ou fórmulas matemáticas complicadas. Quando pensamos em economia, pensamos em dinheiro, bens ou serviços — ou talvez em políticas governamentais. Embora estes sejam aspectos de uma economia, a economia, no seu núcleo, diz respeito a acções humanas.
Refere-se às escolhas e acções que fazemos como indivíduos. Trata-se dos nossos desejos, necessidades e capacidades individuais. E trata-se de como interagimos com os outros para nos beneficiarmos mutuamente e construirmos a sociedade à nossa volta.
Imagina, por exemplo, que uma única pessoa está isolada numa ilha deserta.
Para esta pessoa, vamos chamá-la João, a prioridade principal é óbvia — sobrevivência. Ele precisa de água, comida e abrigo. Alguns dos recursos do João são evidentes; podem existir maçãs ou peras que podem ser recolhidas para alimentação. Contudo, igualmente importante é o seu tempo. Ele deve poupar o seu tempo, dedicando-o de forma a garantir da melhor maneira a sua própria sobrevivência. O João deve concentrar-se em procurar água ou deve dedicar as suas primeiras horas a construir um abrigo? Imediatamente, o João é forçado a tomar decisões sobre compensações — os custos de tomar uma decisão em vez de outra.
O João pode decidir que consegue sobreviver três dias sem água e, por isso, decide concentrar-se em construir um abrigo para a noite. Outra pessoa na mesma situação pode escolher de forma diferente, mas é o julgamento individual do João que orienta as escolhas que ele faz.
A decisão do João pode não ser a certa. O risco e a incerteza são uma parte inerente à nossa existência humana. Talvez o João acabe por passar tanto tempo a construir o abrigo que não lhe sobra tempo suficiente para procurar água quando dela precisa desesperadamente. A decisão do João afecta o número de dias que ele consegue sobreviver na ilha. Neste caso, o seu lucro é medido em termos do número de dias que consegue viver, após ter tomado esta decisão. Uma perda pode ser a sua morte.
Repara que as decisões económicas do João nada têm a ver com dinheiro — são simplesmente as escolhas que ele faz perante um futuro incerto.
Felizmente, a maioria das nossas decisões económicas não se trata de questões de vida ou morte, mas sim de decisões básicas que todos nós tomamos todos os dias. Estas decisões têm sempre custos e benefícios que devem ser ponderados pelo indivíduo, e isso é tão verdadeiro para qualquer pessoa em qualquer parte do mundo como o é para alguém numa ilha deserta.
A Economia não nos diz o que qualquer indivíduo deve fazer.
Em vez disso, a Economia é sobre entender os custos das nossas decisões, sobre entender como podemos criar valor ao satisfazer os nossos desejos e os desejos dos outros, e sobre as formas como todos nós, enquanto indivíduos, desempenhamos um papel na contribuição para a ascensão — ou queda — da civilização humana.
Questões:
-
- > Achas útil pensares em compromissos (tradeoffs) quando tomas decisões?
- > A Economia é sobre como te tornares rico, ou sobre como entender melhor o mundo à tua volta?
Artigos:
-
- > “Star Trek Está Errado: Haverá Sempre Escassez“ de Jonathan Newman
Livro:
O que é o Custo?
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Quando pensamos em “custo”, muitas vezes associamos isso a preços, como por exemplos comparar os preços de carros. Mas a forma correcta de pensar sobre custos não é simplesmente considerar o dinheiro que estamos a gastar num determinado item, mas todas as outras possibilidades que estamos a deixar de lado para obter esse item.
Henry Hazlitt foi um jornalista americano que escreveu o livro Economia Numa Lição. Nesse livro, começa com uma história sobre um padeiro que tem uma loja.
Imagine agora que uma criança decide atirar uma bola através da janela da montra de uma padaria. O padeiro fica compreensivelmente aborrecido, mas é consolado por um amigo que o incentiva a ver o quadro geral. O padeiro agora terá de comprar uma nova janela, e essa compra beneficiará o vidraceiro. O vidraceiro, por sua vez, terá de comprar materiais e poderá pagar aos seus trabalhadores. Talvez alguns desses trabalhadores acabem por comprar o pão do padeiro. Portanto, este acto de destruição não é realmente uma tragédia, mas um evento que beneficiará a economia local e outros!
Infelizmente, esta situação esperta não conta realmente a história toda.
Afinal, se a janela da loja do padeiro não tivesse sido partida, ele teria tanto a sua janela como o seu dinheiro, dinheiro esse que poderia ter gasto de outras maneiras além de fazer reparações.
Talvez ele tivesse comprado um novo letreiro para o seu negócio ou um fato novo para si. O ganho para o vidraceiro é uma perda para o letreiros ou o alfaiate. Infelizmente, agora nunca veremos como o padeiro teria gasto o seu dinheiro. Em vez disso, veremos apenas a nova janela que ele teve de substituir.
O que Hazlitt descreveu chama-se custo de oportunidade. O dinheiro gasto na nova janela não é simplesmente o preço em dinheiro da sua compra, mas tudo o que ele poderia ter adquirido com esse dinheiro.
Nas palavras de Hazlitt: “O mau economista vê apenas o que imediatamente lhe chama a atenção; o bom economista vê também além disso.”
Se o erro no argumento do amigo do padeiro é óbvio para si, pode ficar surpreendido ao descobrir quantos “maus economistas” existem hoje no mundo.
Por exemplo, Paul Krugman, um conhecido economista que escreve para o New York Times, argumentou que incidentes como o 11 de setembro, desastres nacionais ou até mesmo um ataque alienígena fictício estimulariam a economia americana, tal como a montra partida da padaria!
Embora seja certamente verdade que essas tragédias criam empregos na construção, limpeza ou armamento anti-alienígena, isso não significa que a sociedade esteja realmente a melhorar. Tal como acontece com a janela partida, as empresas que beneficiam desses projectos fazem-no à custa de outras.
Lembre-se, o objectivo da economia não é apenas trabalhar ou ganhar dinheiro — é satisfazer as nossas necessidades e desejos como indivíduos. Se ninguém realmente quer ou precisa de uma arma anti-alienígena, então o dinheiro, o tempo e os recursos gastos nela são desperdiçados, quando poderiam ter sido usados para produzir coisas que as pessoas realmente querem ou precisam.
O custo de oportunidade é tudo o que poderia ter sido feito com o tempo, os recursos e o dinheiro que já não estão disponíveis.
É por isso que devemos olhar para as consequências maiores das nossas acções — seja com o modo como gastamos o nosso dinheiro ou o nosso tempo. Quando pensamos nisso, isso significa que haverá mais recursos para fazer as coisas que realmente queremos, tornando cada um de nós mais rico e mais feliz.
Infelizmente, o governo, tal como o amigo do padeiro, normalmente tem muita dificuldade em pensar como um bom economista.
Os governos não são produtores, ou fabricantes, ou padeiros que oferecem bens ou serviços em troca de dinheiro. Apenas obtêm o seu dinheiro através de impostos e depois utilizam esse dinheiro dos impostos em projectos da sua escolha.
Por exemplo, se um governo impuser impostos à comunidade para pagar a construção de um novo estádio de futebol, é fácil para um político apontar para um grande jogo e dizer: “Foi para isto que os seus impostos foram usados!” Mas o que ninguém vê são todas as coisas que o público perdeu devido aos impostos que o governo colocou sobre ele.
Se não fosse pelos impostos, as pessoas teriam esse dinheiro para gastar ou poupar como bem entendessem. Como indivíduos, poderíamos querer comprar um par de sapatos novos, ir de férias, começar um novo negócio ou poupar para o futuro — as possibilidades são infinitas. No final do dia, sabemos o que precisamos melhor do que qualquer funcionário do governo.
É por isso que é importante que todos pensem como bons economistas. Fazer isso permite-nos tomar melhores decisões — a longo prazo — sobre como gastamos o nosso dinheiro. E dá-nos o poder de responsabilizar os políticos quando tentam tirá-lo de nós.
Questões:
-
- > Já te perguntaste como é que os políticos podem fazer grandes promessas de campanha sem pensar em quem vai pagar por isso?
- > Tens emprego? Se sim, já reparaste quanto dinheiro é retirado do teu salário devido a impostos? O que farias se pudesses gastar esse dinheiro da maneira que gostarias?
Artigos:
-
- > “Why It’s Important to Understand “Economic Costs” de Per Bylund
Livros:
-
- > Economia Numa Lição de Henry Hazlitt
O que é o Dinheiro?
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É comum ouvir que “o dinheiro é a raiz de todos os males.”
Dizem-nos que o dinheiro é sinónimo de ganância, e que desejar dinheiro é, de alguma forma, algo intrinsecamente mau.
Isso não é verdade. O dinheiro é talvez a criação mais importante na história da humanidade. Basta imaginar um mundo sem ele.
Pense em todas as coisas que você aprecia na sua vida: uma casa, um telemóvel, um livro, um novo jogo de computador, roupas novas, um carro, uma refeição no seu restaurante favorito. Quantas dessas coisas você conseguiria providenciar para si mesmo?
Felizmente, graças ao dinheiro, você não precisa de fazer isso. Em vez disso, pode especializar-se em fazer uma tarefa específica — talvez toque música, construa pranchas de surf ou repare carros — e depois usar o dinheiro que ganha para comprar produtos ou serviços de outras pessoas.
Não foi sempre assim.
Antes do dinheiro, as sociedades pacíficas usavam um sistema chamado troca directa, onde trocavam um objecto por outro.
Imagine que o João tem um peixe e o Pedro tem água limpa. Os dois poderiam fazer um negócio entre si. Mas e se o Pedro não gostar de peixe? Para obter a água que deseja, o João teria de trocar com outra pessoa por algo que o Pedro queira.
Isso é chamado de troca indirecta.
Em várias sociedades, existiram certos itens que todos queriam. Esses bens tornaram-se nas primeiras formas de dinheiro.
Ao longo da história humana, muitos tipos de coisas foram usadas como dinheiro, como sal, tabaco, grãos, conchas do mar, gado ou peles. Com o tempo, as sociedades acabaram por adoptar algum tipo de metal, como o ouro e a prata, como a sua forma preferida de moeda.
Por que é que isso aconteceu? Muitas sociedades valorizam estes metais brilhantes como jóias, luxos e para uso industrial, mas também têm muitos outros benefícios. Os metais são difíceis de destruir, são uniformes e divisíveis — duas onças de ouro puro são iguais — e são fáceis de transportar quando transformados em moedas. Também são escassos e difíceis de minerar, por isso não é possível fabricar dinheiro como se ele crescesse em árvores.
Foi a invenção do dinheiro que verdadeiramente permitiu à civilização humana prosperar, porque agora era possível comprar coisas sem ter de as fazer você mesmo. Isso trouxe liberdade e escolha às pessoas, uma escolha por um meio de vida real, em vez de simplesmente viver de forma precária. Agora você poderia ser agricultor, costureiro, capitão de navio, pirata ou comerciante. Esta especialização, chamada divisão do trabalho, permitiu que as pessoas se tornassem mais instruídas e habilidosas, produzindo coisas mais complexas e úteis, melhorando a qualidade de vida de todos.
O dinheiro também facilitou a poupança para o futuro. Ao poupar uma parte do dinheiro que ganham com as suas tarefas, as pessoas conseguem comprar itens maiores e mais complexos — como uma nova casa.
Claro, quando as pessoas começaram a ter poupanças, elas queriam novas formas de proteger o seu dinheiro. Isso deu origem aos bancos, onde você podia depositar as suas moedas com alguém que as guardava em segurança, em troca de recibos em papel (notas) que poderiam ser resgatados quando quisesse retirar o dinheiro.
As próprias notas em papel tornaram-se uma forma de dinheiro, já que poderiam ser trocadas com outros que, por sua vez, poderiam reclamar o ouro que lhes fora prometido. Na verdade, muitos dos nomes das moedas actuais derivam desse sistema. O nome “dólar”, por exemplo, vem do espanhol, que se referia ao peso de ouro.
O modo como o Bob ganha dinheiro é produzindo bens ou serviços que outros querem trocar. Mas e se, em vez de ganhá-lo, o Bob simplesmente imprimisse dinheiro novo? Poderia ser rico, sem nunca ter criado algo de valor real.
Quando as sociedades começaram a usar papel, tornou-se fácil para os governos imprimirem dinheiro novo, mesmo sem terem reunido ouro suficiente para resgatar com as notas de papel.
Ao longo da história, essa tem sido uma maneira popular para os governos gerarem dinheiro novo, pois é bastante mais fácil do que outras opções, como a cobrança de impostos. Embora isso fosse bom para os políticos, era mau para o resto de nós, pois o nosso dinheiro perdia valor — isto é conhecido como inflação.
Durante o século XX, vimos os governos assumirem totalmente o controle do dinheiro. Nos Estados Unidos, antes era possível trocar dólares por ouro — um sistema chamado padrão-ouro.
Em 1913, os Estados Unidos criaram um banco central, o Federal Reserve (Fed), que começou a criar novos dólares sem que houvesse novo ouro. Em 1933, o Presidente Franklin Roosevelt tornou ilegal possuir ouro. Em 1971, o Presidente Richard Nixon deixou de trocar dólares por ouro com outros países.
E depois disso, não havia mais nada de valor para garantir o dólar americano.
O resultado?
Cem anos antes da criação do Fed, o preço do ouro era $19,39.
Cem anos depois da criação do Fed, o preço do ouro era $1.204,50.
Porque é que isso aconteceu? Com a plena capacidade de criar dinheiro, o governo conseguiu financiar enormes guerras e programas governamentais. Tudo isso aconteceu à custa do valor da nossa moeda e das suas poupanças.
O mesmo aconteceu no resto do mundo com outros bancos centrais, incluindo em Portugal e na União Europeia, com o Banco Central Europeu.
Questões:
-
- > Achas justo que algumas pessoas recebam dinheiro sem o terem ganho?
- > Com que frequência pensas hoje em poupar dinheiro para poder comprar algo mais caro no futuro?
Artigos:
-
- > “The Origin of Money and Its Value” de Robert Murphy
Livro:
O que é o Lucro?
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É comum ouvir o lucro ser atacado como exploração e ganância. Quantos supervilões já apareceram em programas de televisão, livros ou filmes com o plano diabólico de colocar “os lucros acima das pessoas”?
Na realidade, o lucro é um mecanismo poderoso de cooperação humana e serve para garantir que os recursos da Terra sejam maximizados para servir os melhores interesses da humanidade.
Porquê?
Pense no lucro como a recompensa por tomar boas decisões.
O lucro não precisa ser apenas sobre dinheiro — vender algo por 5€ que você fez por 3€. Pode ser também algo imensurável: doar tempo para uma instituição de caridade pode ser lucrativo se isso beneficiar uma causa pela qual você tem paixão.
Os benefícios do lucro são óbvios. Queremos beneficiar das nossas acções, em vez de nos desapontarmos com elas.
Agora, vamos analisar os benefícios do lucro além do nível individual.
O mundo é um lugar complicado, cheio de bilhões de indivíduos com opiniões e interesses diferentes, e um futuro que nunca é previsível. Para além disso, existem muitos recursos com diversos usos. Por exemplo, o ferro pode ser usado para fabricar uma infinidade de coisas — desde frigoríficos até carros e dispositivos médicos.
Dada essa teia de complexidade, as decisões sobre o que produzir e como produzi-lo estão além da compreensão de qualquer pessoa. Nenhuma pessoa sozinha pode imaginar uma maneira de satisfazer as necessidades e desejos de todas as outras pessoas.
Felizmente, ninguém precisa de fazer isso.
Em vez de uma única pessoa a tentar descobrir como usar todos os recursos do mundo, os direitos de propriedade permitem que indivíduos possuam esses recursos. Esses indivíduos podem então vender os recursos nos mercados, onde outros podem comprá-los e combiná-los com outros recursos para construir novos produtos.
O indivíduo que arrisca o seu dinheiro a comprar recursos para fazer produtos para serem vendidos é chamado de empreendedor. Ao fazer isso, também investe em bens de capital (como máquinas e prédios) e em trabalhadores, que possuem uma variedade de habilidades.
Todas essas partes da produção têm custos. O empreendedor espera que consiga vender o produto final por um valor superior ao que foi gasto para produzi-lo. Esse valor é o lucro que ele poderá desfrutar.
Não é só o empreendedor que beneficia, no entanto.
Os consumidores beneficiam, pois recebem novos e diferentes produtos. Os trabalhadores beneficiam, porque ganham dinheiro.
Um empreendedor bem-sucedido, portanto, ajuda outras pessoas enquanto obtém lucro.
Mas igualmente importante é o prejuízo.
Como mencionámos antes, muitos dos componentes que entram na produção de um bem têm vários usos. Isso é verdade para recursos naturais, edifícios, trabalhadores e máquinas. Se esses recursos são usados num produto que não é rentável, significa que os consumidores não valorizam esse produto o suficiente para comprá-lo.
Ao sofrer um prejuízo, o empreendedor pode vender os seus recursos a outros empreendedores que possam usá-los de maneira mais eficaz. A fábrica é vendida a outra empresa. Os funcionários arranjam novos empregos.
Esse processo desenrola-se todos os dias, de várias maneiras, à volta do mundo.
E o melhor é que ele adapta-se a todo tipo de mudanças. Talvez os gostos das pessoas mudem; talvez as pessoas parem de gostar de doces e passem a preferir batatas fritas salgadas. Algumas fábricas de doces podem fechar, mas novas empresas de batatas fritas irão surgir.
Quando os indivíduos podem escolher como gastar seu dinheiro, acabam a influenciar onde os empreendedores investem e o que é produzido.
Infelizmente, os governos interferem neste processo de lucro e prejuízo. Por exemplo, os políticos adicionam custos às empresas e indústrias, em nome de impostos ou regulamentação, que tornam as empresas menos lucrativas. Isso é mau para o empreendedor, mau para seus trabalhadores e mau para os consumidores, que não recebem os produtos que gostariam.
Noutras ocasiões, os governos escolhem resgatar indústrias que não estão a ser lucrativas.
Os políticos fazem isso apontando para os empregos que querem proteger — sem reconhecer os empregos rentáveis que estão a destruir. Resgatar indústrias não lucrativas significa que os recursos escassos — incluindo o trabalho — continuam a ser usados para produtos que as pessoas não querem o suficiente para comprá-los.
Temos recursos limitados na Terra e devemos usá-los da maneira mais sábia e eficiente possível.
A economia de mercado, onde os empreendedores são impulsionados pelo lucro e pelo prejuízo, é a melhor maneira de garantir que façamos exactamente isso.
Questões:
> Há algum negócio ao qual tenhas uma lealdade particular? Por quê?
> O que achas ser uma melhor maneira de escolher vencedores e perdedores na sociedade: votar numa eleição política ou os consumidores “votarem com os seus euros” ao escolher certos negócios e produtos? Porquê?
> Qual grupo de pessoas acha que fez mais para melhorar a tua vida diária: os políticos ou os empreendedores?
Artigos:
> “Why We Need Profits” de Jakub Bozydar Wisniewski
> “Economics: The “Other Side” of Politics de Per Bylund
Livro:
> Profit and Loss de Ludwig von Mises
O que é o Capitalismo?
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A civilização da humanidade pode ser rastreada até ao estabelecimento dos direitos de propriedade. Com direitos de propriedade, os indivíduos podiam possuir terras, capital e bens, e depois trocá-los ou vendê-los a outros. Esta actividade económica é conhecida como “o mercado”. Isto não significa que ocorre necessariamente num mercado físico; significa simplesmente que bens e serviços são trocados de forma voluntária.
Durante a maior parte da história da humanidade, os direitos de propriedade foram limitados àqueles no poder. Por exemplo, um rei ou senhor tinha controlo absoluto sobre os que viviam sob a sua protecção. Se o rei desejasse beterrabas, os agricultores cultivavam beterrabas. Se o senhor precisasse de ferraduras, os ferreiros forjavam ferraduras. As pessoas comuns tinham a capacidade de negociar entre si, mas aqueles no poder podiam direccionar a sua produção se assim o desejassem, ou punir quem resistisse.
O surgimento do capitalismo mudou isso.
O capitalismo é a produção em massa de bens para satisfazer as necessidades do maior número possível de pessoas.
O capitalismo foi revolucionário ao reconhecer os direitos de propriedade para todos, independentemente da origem ou posição social. Sob o capitalismo, até os mais vulneráveis na sociedade tinham um direito absoluto sobre o seu trabalho e propriedade. Não garantia igualdade de propriedade, mas eliminava qualquer direito de terceiros de infringir sobre ela.
Desta forma, o capitalismo deu poder aos consumidores – em vez de aos governantes – para influenciar o que era produzido na economia. Isto ocorre através do mecanismo de lucro. Se um número suficiente de pessoas procura um bem e este pode ser vendido por mais do que custa produzi-lo, significa que a produção desse bem é lucrativa.
Algumas das pessoas mais ricas do mundo hoje em dia, ganharam o seu dinheiro não apelando aos ricos, mas às massas. O modelo de negócio do Continente, por exemplo, é orientado para vender bens baratos ao maior número de pessoas possível.
Os críticos do capitalismo tentam condená-lo como “ganância”. Isto é falso. Ganância e inveja são vícios humanos e existem em qualquer sistema económico. O que o capitalismo faz é incentivar a produção de bens e serviços que as pessoas desejam no mercado, em vez de deixar essas decisões nas mãos de indivíduos poderosos ou governos.
Ao longo da história da humanidade, temos visto os direitos de propriedade e os mercados tirarem biliões de pessoas da pobreza. Em todo o mundo, a propriedade e a liberdade económica estão correlacionadas com a melhoria da qualidade de vida, saúde e esperança média de vida.
O capitalismo é um sistema pacífico de colaboração entre produtores e consumidores e funciona de acordo com os desejos e necessidades do maior número de pessoas. O governo não desempenha nenhum papel num sistema verdadeiramente capitalista. Quando o governo interfere e impõe regulações aos produtores e consumidores, deixa de ser um sistema capitalista.
O capitalismo é a liberdade de escolha do consumidor.
Questões:
-
- > Algumas pessoas pensam que votar é a forma mais justa de tomar decisões para um grupo. O que achas?
- > Se a maioria de um grupo quiser pizza de queijo, mas tu quiseres de pepperoni, achas que é mais justo permitirem-te comprar a tua própria pizza ou seguires a decisão do grupo?
- > Como o capitalismo dá poder aos consumidores, em vez de políticos, o mercado frequentemente cria produtos apenas para diversão, como videojogos. Achas que permitir aos consumidores gastar dinheiro nesse tipo de coisas é positivo, ou seríamos melhores se só tivéssemos produtos com valor para todos (o “bem comum”)?
Artigos:
-
- > “O que é o Mercado Livre?” por Murray Rothbard
Livro:
O que é o Capitalismo de Compadrio?
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Activistas culpam o “capitalismo” pelos maiores problemas do mundo, como os elevados custos dos cuidados de saúde. Alguns chegam a argumentar que a economia é apenas uma forma de propaganda para as empresas explorarem os trabalhadores. As escolas públicas enaltecem frequentemente as regulamentações, subsídios e outras intervenções do Estado, justificando-as como protecções aos consumidores contra empresas “exploradoras” e a “ganância” capitalista.
A verdade, no entanto, é precisamente o oposto. A economia de mercado baseada no lucro e na perda reduz preços e aumenta a qualidade dos produtos através da concorrência, o que beneficia a sociedade como um todo. Quando o governo intervém na produção de bens e serviços, fá-lo através de leis e regulamentações que acabam por favorecer certas empresas em detrimento de outras, tudo em nome da “protecção” do público. Este sistema de atribuição de estatuto e privilégios a pessoas com poder político ou ligações é conhecido como cronyism (ou capitalismo de compadrio). Os beneficiários deste sistema servem os políticos e os burocratas que os nomearam, em vez de servirem os consumidores que compram os produtos das empresas reguladas.
Por exemplo, imagine que geres uma pequena empresa que produz sopa de legumes. A tua prioridade principal é satisfazer os clientes. Um cliente satisfeito volta a comprar. Assim, escolhes os legumes, receitas, embalagens e distribuição com base nas suas melhores estimativas do que o consumidor deseja. Se os consumidores gostarem e valorizarem a tua sopa, obténs lucros. Se não a valorizarem, terás prejuízos. A concorrência e a reputação da empresa garantem eficiência e clientes satisfeitos.
Agora imagina que o governo decide regular a indústria da sopa de legumes. São os burocratas, e não empresários experientes, que passam a decidir todo o processo de produção de sopas: determinam a qualidade dos legumes, os tipos de ingredientes permitidos, as técnicas de produção e até a forma como podes publicitar o teu produto. Para aplicar estas novas regulamentações, o governo exige licenças e inspecções obrigatórias. Como produtor de sopa, terás agora de gastar recursos consideráveis para cumprir todas estas normas políticas.
Embora o governo justifique a sua intervenção como forma de proteger os consumidores contra fabricantes de sopa “de má qualidade”, as novas regulamentações criam custos de conformidade e barreiras à entrada. Isso reduz a concorrência, prejudicando os pequenos produtores e favorecendo os grandes fabricantes de sopas. Desta forma, a lei restringe a oferta de sopa e aumenta os preços, em prejuízo de todos os consumidores. Dado que são os burocratas que criam e aplicam estas regras, não é surpresa descobrir que as grandes empresas de sopa influenciaram estas novas normas, que lhes beneficiam, prejudicam os rivais e reduzem a concorrência.
O mercado livre é eficaz porque a concorrência torna as empresas responsáveis perante os consumidores. O capitalismo de compadrio não funciona porque favorece os insiders politicamente conectados, prejudica os pequenos negócios e reduz as opções dos consumidores. Infelizmente, quando o capitalismo de compadrio falha – e falha sempre, porque se baseia no favoritismo e no retorno de favores –, todos saímos a perder.
A maioria das pessoas pensa que a solução para qualquer problema económico é dar mais poder ao governo, criar mais regulamentações, nomear mais comités, etc. A verdade é precisamente o contrário: precisamos de menos intervenção em todas as áreas.
Questões:
-
- > É frequente ouvirmos falar da necessidade de “tirar o dinheiro da política” proibindo o lobbying no governo. Se fosses empresário, gostarias de ter uma palavra a dizer no processo de elaboração de leis ou confiarias que políticos sem experiência no teu sector fizessem essas leis
- > Consideras que o problema está no lobbying ou no excesso de influência que o governo tem para decidir quem ganha ou perde nos negócios?
Artigos:
-
- > “Coca-Cola, Capitalismo de Compadrio e a Guerra às Drogas” – Chris Calton
- > “O Caminho do Meio Leva ao Socialismo” – Ludwig von Mises
- > “O Que é o Fascismo?” – Lew Rockwell
Livro:
O que é o Socialismo?
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A economia é o estudo da acção humana. Através da economia, podemos compreender como diferentes ordens sociais produzem resultados diversos, dependendo de como alocam os seus recursos.
Numa economia de mercado, a produção é orientada por empresas que procuram o lucro e promovem a inovação. Numa economia de compadrio, o governo influencia o mercado interferindo e intervindo. Um terceiro sistema económico rejeita completamente os mercados, preferindo o planeamento centralizado.
Este sistema é o socialismo.
Neste modelo, os planeadores centrais definem o rumo da economia, enquanto os indivíduos assumem papéis menos inovadores na sociedade em troca de bens, serviços e segurança. Enquanto numa economia de mercado são recompensados aqueles que melhor servem os clientes, a promessa de uma economia socialista é que as necessidades de todos sejam igualmente satisfeitas.
Isto caracteriza uma economia planificada, onde os planeadores centrais decidem o que é produzido, em que quantidades e quem o deve produzir. Em vez de escolherem os bens e serviços nos quais preferem gastar o seu dinheiro, as pessoas recebem apenas os bens e serviços escolhidos pelos planeadores centrais.
Como algumas pessoas preferem pensar por si mesmas, seguir o seu próprio caminho e rejeitar o planeamento centralizado, os países socialistas tendem a ser politicamente autoritários.
As consequências económicas do planeamento central são igualmente negativas.
Por exemplo, os lucros servem para recompensar e incentivar a inovação e a eficiência. Se for o primeiro a criar um novo produto ou a encontrar uma forma mais barata de fornecer um serviço, quem arrisca o seu capital é financeiramente recompensado. Sob o socialismo, não há incentivo para inovar, pois os benefícios vão directamente para os planeadores.
Além disso, os planeadores centrais operam apenas com o seu próprio conhecimento e agenda, que são sempre inferiores ao conhecimento colectivo da sociedade. Pensa na diferença entre uma enciclopédia publicada, que é estática e inalterável, e uma alternativa descentralizada – como a Wikipedia, que está em constante evolução e crescimento.
Um pedaço vital de conhecimento é que os mercados coordenam os preços.
Como muitos recursos – como o aço – têm uma variedade de usos finais, os preços indicam se o uso de um recurso específico satisfaz as prioridades mais importantes da comunidade. Uma fábrica deve produzir peças de automóveis ou fabricar pregos? Numa economia de mercado, os preços indicam se há maior necessidade de um produto em detrimento do outro. Numa economia planificada, é o governo que toma essa decisão.
O objectivo socialista de redistribuir a riqueza comete o erro básico de não entender como a riqueza é criada. Um sistema económico que não recompensa a inovação, a poupança e a produção verá o nível de vida de todos diminuir.
Por exemplo, lembras-te de quando todos tínhamos um telefone fixo em casa, mas depois o telemóvel mudou a forma como comunicamos. Todos ouvíamos música no rádio doméstico; agora, é transmitida no telemóvel e pode ser levada para qualquer lugar. Antigamente usávamos grandes mapas de papel para nos orientarmos; hoje, todos têm GPS no telemóvel ou no carro. Tudo isto graças à invenção do telemóvel. Sem o incentivo do lucro, porque se haveria de investir em algo assim? E, por isso, as nossas vidas seriam mais pobres. Quantas outras inovações podem nunca ter sido desenvolvidas sem o incentivo do lucro?
Muitas vezes, os políticos evitam defender a socialização total da economia – preferem propor isso apenas para determinados sectores, como a saúde, os transportes e a educação. Embora uma economia mista, que combine mercados e serviços socialistas, possa funcionar melhor do que uma economia puramente socialista, os problemas persistem.
Por exemplo, um sistema de saúde verdadeiramente socialista força as decisões sobre o uso de recursos escassos – como camas de hospital, equipamento médico e medicamentos – a serem tomadas por planeadores centrais designados pelo governo, em vez de indivíduos, famílias ou médicos. Embora os pacientes de um sistema de saúde socialista possam não ter de pagar consultas, internamentos ou medicamentos, podem enfrentar outros obstáculos críticos, como longas esperas para consultas ou cirurgias aprovadas, falta de medicamentos, menor número de médicos e investigação planificada centralmente, resultando numa falta de liberdade médica.
O argumento a favor do socialismo não está fundamentado na economia, mas num apelo sociológico à “igualdade”. A igualdade vai contra a natureza humana básica de querer melhorar-se a si mesmo, sendo uma condição artificial e forçada que precisa de ser dirigida centralmente para funcionar. Para termos escolhas e liberdade sobre as nossas vidas, o socialismo deve ser vigorosamente rejeitado em todas as suas formas.
Questões:
-
- > Acreditas que um governo socialista poderia usar punições para superar os problemas de conhecimento e cálculo mencionados no texto?
Artigos:
-
- > “Por Que o Socialismo Falha“ – Antony Mueller
- > “O Socialismo Falha Sempre“ – William Anderson
- > VÍDEO: “Dez Coisas Que Deveria Saber Sobre o Socialismo” – Thomas DiLorenzo
Minilivro:
O que é o Progressivismo?
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A Economia é o que se chama uma “ciência isenta de valor”, o que significa que responde a perguntas sem considerar políticas ou ideologias. Um bom economista pode explicar os benefícios dos mercados livres ou as consequências do socialismo, não por qualquer viés político, mas pela forma como os seres humanos respondem a um mundo com recursos limitados.
No entanto, muitas vezes, ao discutirmos economia, fazemos isso no contexto da política – como durante uma campanha eleitoral, ou ao avaliar como um aumento de impostos pode impactar a economia local.
Alguns identificam-se como “progressistas”, sugerindo que as suas visões políticas e económicas são “modernas” ou “orientadas para o futuro”. Ao longo da história, os progressistas afirmaram promover um sistema económico que seria um “caminho intermédio” entre o capitalismo e o socialismo. Defendem uma economia “regulada por especialistas” em vez de por políticos ou mercados livres.
Mas não há nada de verdadeiramente “progressista” nisto.
Este sistema de governação enfrenta os mesmos problemas do “compadrio”: a crença equivocada de que o governo pode fazer melhor do que o sistema de mercado.
Os mercados funcionam ao coordenar a oferta e a procura de recursos e produtos em todo o mundo. Graças aos preços, empreendedores, empresários e consumidores conseguem calcular a melhor forma de alcançar os seus objectivos.
Os progressistas não confiam nos indivíduos para tomar estas decisões por si próprios. Em vez disso, querem que os mercados e os preços sejam regulados por chamados especialistas, cuja influência provém de universidades ou da política, e não da produção de bens ou serviços úteis às pessoas.
Um erro básico dos progressistas é acreditar que uma educação especializada pode capacitar indivíduos com um conhecimento superior ao que o mercado pode oferecer. Deste modo, justificam o aumento do poder político e legislativo para controlar mais a sociedade. Isto é perigoso.
Economicamente, quer esta intervenção governamental seja fruto de simples corrupção política ou disfarçada como “regulação por especialistas,” o resultado é o mesmo: o sistema de mercado é manipulado pelo poder coercivo do governo para fins políticos, não para benefício dos consumidores. Isto não oferece um “caminho intermédio” entre capitalismo e socialismo; mina o capitalismo para justificar mais poder estatal. Tal como no compadrio, os beneficiários deste caminho intermédio não são os empreendedores e produtores que fazem contribuições úteis, mas os “especialistas” políticos—os não-produtores—que acabam por estar no controlo.
A intervenção governamental deste “terceiro caminho” beneficia grandes corporações com incentivos fiscais, legislação de produtos, padronização industrial, lobby, etc., tornando muito mais difícil para pequenas empresas competirem. Assim, as grandes empresas nacionais e multinacionais vencem tanto no mercado como nas esferas legislativas, graças às vantagens injustas concedidas pelo governo.
A classe de “especialistas” progressistas cria novos problemas ao promover uma classe gestora de burocratas com grande influência sobre a economia, sem serem responsabilizados pelo mercado ou pelo eleitorado. Nos EUA, após um século de políticas progressistas, existe hoje uma porta giratória entre agências reguladoras e grandes empresas—independentemente dos resultados das eleições.
Sem qualquer responsabilização, os resultados têm sido desastres políticos significativos: crises financeiras, custos explosivos na saúde e nos empréstimos estudantis, ou confinamentos económicos em nome da “saúde pública.”
Estes não são produtos de um mercado livre, mas consequências directas de anos de políticas intervencionistas falhadas.
Não há “caminho intermédio” na economia: ou os consumidores dirigem a economia ou é o governo que está no controlo.
A economia não é uma ciência que capacita certos especialistas a gerir melhor a sociedade. Pelo contrário, ensina-nos os limites do que o governo pode fazer para trazer prosperidade ao mundo.
O progressismo não é a resposta. Quanto mais aprendemos a “pensar como economistas,” mais compreendemos o valor de uma sociedade verdadeiramente livre.
Questões:
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- > Pensas que o governo funcionaria melhor se mais políticos entendessem de economia?
- > Qual o estilo de governação mais provável de crescer: um governo motivado pela ganância—como o compadrio—ou um governo motivado pela justiça social—como o progressismo?
Artigos:
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- > “Governo por Especialistas?” – Peter Klein
- > “Neil Ty, O Cientista do Cientificismo” – Jonathan Newman
Vídeo:
Porque os Especialistas Não Conseguem Prever o Futuro?
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No mundo antigo, os reis frequentemente confiavam num grupo especial de conselheiros sacerdotais para projectar poder sobre os seus súbditos. Estes sacerdotes da corte informavam o público de que o seu monarca era divinamente inspirado e que as suas acções eram guiadas por uma visão sobrenatural.
No mundo de hoje, menos governantes afirmam ter justificações religiosas para os seus grandes planos—no entanto, o poder dos conselhos de especialistas e dos “adivinhos” modernos permanece. Em vez de se posicionarem em catedrais religiosas, os chamados “especialistas em políticas” fornecem uma cobertura intelectual para governos que procuram exercer um controlo cada vez maior sobre a sociedade.
Ao fazê-lo, revelam como muitos alegados especialistas em políticas—incluindo economistas célebres—não “pensam como economistas.”
Por exemplo, os economistas frequentemente explicam todos os grandes benefícios que ocorreriam se o governo gastasse dinheiro num programa específico ou criasse uma nova ferramenta política. Eles agregam dados incompletos, acrescentam determinadas suposições e projectam uma previsão que convenientemente se alinha com a sua agenda.
Por vezes, estas previsões estão erradas e geralmente baseiam-se em suposições irrealistas sobre o mundo. Por exemplo, os economistas nunca conseguem prever preços reais em mercados futuros, devido às mudanças nos desejos e necessidades do público. Também não conseguem antecipar inovações imprevistas, desastres ou grandes alterações no comportamento humano.
Nenhum especialista pode prever o futuro.
Isto não significa que não exista valor em fazer previsões. Empresas, investidores, apostadores e outros podem utilizar o seu conhecimento de um campo ou sector específico para fazer previsões sobre eventos com maior precisão do que outros. Tal como um empreendedor, se estiverem certos, lucram. Se estiverem errados, perdem.
O perigo reside nas previsões excessivamente confiantes combinadas com os poderes do Estado.
Por exemplo, antes de 2008, a Reserva Federal dos EUA (FED) negou repetidamente a existência de uma bolha imobiliária resultante das suas taxas de juro baixas, que levaram a investimentos errados no sector imobiliário. Quando os fracassos da FED criaram uma crise financeira, o resultado foi o banco central adquirir mais poder para “resolver” o problema. Sistematicamente, os especialistas do banco central estão errados nas suas previsões sobre crescimento económico ou taxas de juro futuras. E, consistentemente, concedem a si mesmos mais influência sobre os mercados de capitais globais.
O problema não se limita aos bancos centrais.
Em 2021, muitos governos decidiram implementar confinamentos baseados em previsões sobre o coronavírus que se revelaram amplamente incorrectas. Muitas empresas faliram e vidas foram arruinadas devido a más previsões de especialistas.
Mais assustador ainda, os governos realizaram programas baseados em previsões erradas sobre recursos—como subestimar o abastecimento alimentar global, resultando em temores sobre a superpopulação. O resultado foram programas de esterilização forçada, políticas de filho único e outras medidas anti-humanas.
As previsões estavam erradas e um número incalculável de vidas perdeu-se como consequência.
A sociedade é um sistema complexo. O número de incertezas existentes é impossível de isolar, o que torna o futuro impossível de prever com certeza. Isto é particularmente verdadeiro para sistemas complexos como a economia, a saúde pública e o clima global.
A economia, devidamente estudada, ensina-nos a compreender melhor o mundo tal como ele é, a importância de capacitar os indivíduos com direitos de propriedade e as consequências do mau uso do poder estatal.
Mas não nos concede a habilidade de prever o futuro.
Não existe fórmula matemática ou modelo complexo que substitua o estudo adequado da acção humana.
Porque a Economia Importa?
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Como disse Henry Hazlitt:
“A economia é assombrada por mais falácias do que qualquer outro campo de estudo conhecido pelo homem. Isto não é um acaso. As dificuldades inerentes ao tema já seriam grandes por si só, mas são multiplicadas mil vezes por um factor que é insignificante em, por exemplo, física, matemática ou medicina — os interesses próprios que distorcem os factos.”
Infelizmente, este problema é agravado pelo próprio sistema de ensino, particularmente nas escolas públicas.
Grande parte do currículo escolar que os estudantes portugueses enfrentam está enviesado a favor de uma justificação para a intervenção estatal na economia. Este viés é evidente na forma como a História é ensinada — com histórias que atribuem o sucesso do Plano Marshall à reconstrução da Europa após a Segunda Guerra Mundial, narrativas sobre como as reformas agrícolas ou industriais do século XX “salvaram” Portugal, ou lições que utilizam figuras como Sebastião José de Carvalho e Melo (o Marquês de Pombal) para justificar a centralização económica como essencial para a prosperidade nacional.
Estas narrativas moldam percepções muito antes de os alunos frequentarem a sua primeira aula de economia. Mesmo quando o fazem, o foco tende a ser exercícios mecânicos, como ajustar curvas de oferta e procura, em vez de compreender o que a economia realmente procura explorar: a acção humana e a promoção do bem-estar humano.
A nível universitário, este enviesamento tende a aprofundar-se ainda mais.
A Importância da Nossa Série
Nesta série, começámos por enquadrar a economia para além do âmbito limitado do dinheiro e dos mercados. Os custos de oportunidade fazem parte da vida quotidiana, e todos os indivíduos tomam decisões empreendedoras e de risco.
Os mercados e as trocas surgem naturalmente porque os seres humanos são sociais e possuem diferentes talentos e capacidades. O dinheiro, por sua vez, facilita a especialização, permitindo que alguém talentoso numa área específica — como tocar guitarra — troque esse talento pelos inúmeros bens e serviços que necessita, mas que não pode produzir sozinho.
Uma vez compreendidos estes conceitos básicos, torna-se mais fácil avaliar diferentes sistemas económicos. Enquanto o capitalismo permite que os mercados surjam organicamente e de forma pacífica, as intervenções do governo frequentemente conduzem a problemas como o favorecimento político (cronyismo ou compadrio), escassez e ciclos económicos destrutivos de expansão e recessão. Estas consequências ocorrem independentemente das intenções do governo. No extremo, o socialismo desmantela os fundamentos das sociedades avançadas.
A Relevância do Pensamento Económico
Os desafios que enfrentamos no mundo moderno exigem pensamento claro e racional. Ensinar as novas gerações a abordar estes desafios pensando como economistas é crucial para garantir o progresso e a estabilidade.
Se esta série te interessou, encorajo-te a aprofundar o tema. Começa com Economia Numa Única Lição, de Henry Hazlitt, disponível na nossa biblioteca. Para um manual introdutório, experimenta Lições para o Jovem Economista, de Bob Murphy, também publicado pelo Instituto Mises.
Para uma biblioteca crescente de artigos, podcasts, vídeos e mais, visita Mises.pt e Mises.org.
Um Apelo à Acção
Nas palavras de Ludwig von Mises:
“Cada um de nós carrega uma parte da sociedade nos seus ombros; ninguém é dispensado da sua quota de responsabilidade pelos outros. E ninguém pode encontrar uma forma segura de escapar por si próprio se a sociedade estiver a caminhar para a destruição. Por isso, cada um, no seu próprio interesse, deve lançar-se vigorosamente na batalha intelectual.”
Obrigado por nos acompanhares nesta jornada. Continuemos a esforçar-nos para compreender, educar e inspirar!
Tu ne cede malis, sed contra audentior ito
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