A Economia é frequentemente considerada uma ciência árida ou “sombria”. Nas escolas, é muitas vezes ensinada com um foco em gráficos abstractos de oferta e procura ou fórmulas matemáticas complicadas. Quando pensamos em economia, pensamos em dinheiro, bens ou serviços — ou talvez em políticas governamentais. Embora estes sejam aspectos de uma economia, a economia, no seu núcleo, diz respeito a acções humanas.

Refere-se às escolhas e acções que fazemos como indivíduos. Trata-se dos nossos desejos, necessidades e capacidades individuais. E trata-se de como interagimos com os outros para nos beneficiarmos mutuamente e construirmos a sociedade à nossa volta.

Imagine, por exemplo, que uma única pessoa está isolada numa ilha deserta.

Para esta pessoa, vamos chamá-la João, a prioridade principal é óbvia — sobrevivência. Ele precisa de água, comida e abrigo. Alguns dos recursos do João são evidentes; podem existir maçãs ou peras que podem ser recolhidas para alimentação. Contudo, igualmente importante é o seu tempo. Ele deve poupar o seu tempo, dedicando-o de forma a garantir da melhor maneira a sua própria sobrevivência. O João deve concentrar-se em procurar água ou deve dedicar as suas primeiras horas a construir um abrigo? Imediatamente, o João é forçado a tomar decisões sobre compensações — os custos de tomar uma decisão em vez de outra.

O João pode decidir que consegue sobreviver três dias sem água e, por isso, decide concentrar-se em construir um abrigo para a noite. Outra pessoa na mesma situação pode escolher de forma diferente, mas é o julgamento individual do João que orienta as escolhas que ele faz.

A decisão do João pode não ser a certa. O risco e a incerteza são uma parte inerente à nossa existência humana. Talvez o João acabe por passar tanto tempo a construir o abrigo que não lhe sobra tempo suficiente para procurar água quando dela precisa desesperadamente. A decisão do João afecta o número de dias que ele consegue sobreviver na ilha. Neste caso, o seu lucro é medido em termos do número de dias que consegue viver, após ter tomado esta decisão. Uma perda pode ser a sua morte.

Repare que as decisões económicas do João nada têm a ver com dinheiro — são simplesmente as escolhas que ele faz perante um futuro incerto.

Felizmente, a maioria das nossas decisões económicas não se trata de questões de vida ou morte, mas sim de decisões básicas que todos nós tomamos todos os dias. Estas decisões têm sempre custos e benefícios que devem ser ponderados pelo indivíduo, e isso é tão verdadeiro para qualquer pessoa em qualquer parte do mundo como o é para alguém numa ilha deserta.

A Economia não nos diz o que qualquer indivíduo deve fazer.

Em vez disso, a Economia é sobre entender os custos das nossas decisões, sobre entender como podemos criar valor ao satisfazer os nossos desejos e os desejos dos outros, e sobre as formas como todos nós, enquanto indivíduos, desempenhamos um papel na contribuição para a ascensão — ou queda — da civilização humana.

Questões:

  1. Com que frequência as suas decisões diárias são, de facto, decisões económicas?
  2. Acha útil pensar em compromissos (tradeoffs) quando toma decisões?
  3. A Economia é sobre como o tornar rico, ou sobre como entender melhor o mundo à sua volta?

Artigos:

  • “Economics Is Not Rocket Science — It’s Even More Complicated” de Gary Galles
  • “Star Trek Is Wrong, There Will Always Be Scarcity” de Jonathan Newman

Livro:

  • Lessons for the Young Economist de Robert Murphy

Quando pensamos em “custo”, muitas vezes associamos isso a preços, como por exemplos comparar os preços de carros. Mas a forma correcta de pensar sobre custos não é simplesmente considerar o dinheiro que estamos a gastar num determinado item, mas todas as outras possibilidades que estamos a deixar de lado para obter esse item.

Henry Hazlitt foi um jornalista americano que escreveu o livro Economia Numa Lição. Nesse livro, começa com uma história sobre um padeiro que tem uma loja.

Imagine agora que uma criança decide atirar uma bola através da janela da montra de uma padaria. O padeiro fica compreensivelmente aborrecido, mas é consolado por um amigo que o incentiva a ver o quadro geral. O padeiro agora terá de comprar uma nova janela, e essa compra beneficiará o vidraceiro. O vidraceiro, por sua vez, terá de comprar materiais e poderá pagar aos seus trabalhadores. Talvez alguns desses trabalhadores acabem por comprar o pão do padeiro. Portanto, este acto de destruição não é realmente uma tragédia, mas um evento que beneficiará a economia local e outros!

Infelizmente, esta situação esperta não conta realmente a história toda.

Afinal, se a janela da loja do padeiro não tivesse sido partida, ele teria tanto a sua janela como o seu dinheiro, dinheiro esse que poderia ter gasto de outras maneiras além de fazer reparações.

Talvez ele tivesse comprado um novo letreiro para o seu negócio ou um fato novo para si. O ganho para o vidraceiro é uma perda para o letreiros ou o alfaiate. Infelizmente, agora nunca veremos como o padeiro teria gasto o seu dinheiro. Em vez disso, veremos apenas a nova janela que ele teve de substituir.

O que Hazlitt descreveu chama-se custo de oportunidade. O dinheiro gasto na nova janela não é simplesmente o preço em dinheiro da sua compra, mas tudo o que ele poderia ter adquirido com esse dinheiro.

Nas palavras de Hazlitt: “O mau economista vê apenas o que imediatamente lhe chama a atenção; o bom economista vê também além disso.”

Se o erro no argumento do amigo do padeiro é óbvio para si, pode ficar surpreendido ao descobrir quantos “maus economistas” existem hoje no mundo.

Por exemplo, Paul Krugman, um conhecido economista que escreve para o New York Timesargumentou que incidentes como o 11 de setembro, desastres nacionais ou até mesmo um ataque alienígena fictício estimulariam a economia americana, tal como a montra partida da padaria!

Embora seja certamente verdade que essas tragédias criam empregos na construção, limpeza ou armamento anti-alienígena, isso não significa que a sociedade esteja realmente a melhorar. Tal como acontece com a janela partida, as empresas que beneficiam desses projectos fazem-no à custa de outras.

Lembre-se, o objectivo da economia não é apenas trabalhar ou ganhar dinheiro — é satisfazer as nossas necessidades e desejos como indivíduos. Se ninguém realmente quer ou precisa de uma arma anti-alienígena, então o dinheiro, o tempo e os recursos gastos nela são desperdiçados, quando poderiam ter sido usados para produzir coisas que as pessoas realmente querem ou precisam.

O custo de oportunidade é tudo o que poderia ter sido feito com o tempo, os recursos e o dinheiro que já não estão disponíveis.

É por isso que devemos olhar para as consequências maiores das nossas acções — seja com o modo como gastamos o nosso dinheiro ou o nosso tempo. Quando pensamos nisso, isso significa que haverá mais recursos para fazer as coisas que realmente queremos, tornando cada um de nós mais rico e mais feliz.

Infelizmente, o governo, tal como o amigo do padeiro, normalmente tem muita dificuldade em pensar como um bom economista.

Os governos não são produtores, ou fabricantes, ou padeiros que oferecem bens ou serviços em troca de dinheiro. Apenas obtêm o seu dinheiro através de impostos e depois utilizam esse dinheiro dos impostos em projectos da sua escolha.

Por exemplo, se um governo impuser impostos à comunidade para pagar a construção de um novo estádio de futebol, é fácil para um político apontar para um grande jogo e dizer: “Foi para isto que os seus impostos foram usados!” Mas o que ninguém vê são todas as coisas que o público perdeu devido aos impostos que o governo colocou sobre ele.

Se não fosse pelos impostos, as pessoas teriam esse dinheiro para gastar ou poupar como bem entendessem. Como indivíduos, poderíamos querer comprar um par de sapatos novos, ir de férias, começar um novo negócio ou poupar para o futuro — as possibilidades são infinitas. No final do dia, sabemos o que precisamos melhor do que qualquer funcionário do governo.

É por isso que é importante que todos pensem como bons economistas. Fazer isso permite-nos tomar melhores decisões — a longo prazo — sobre como gastamos o nosso dinheiro. E dá-nos o poder de responsabilizar os políticos quando tentam tirá-lo de nós.

Questões:

  1. Alguma vez se arrependeu de comprar algo depois de o ter adquirido?
  2. Já se perguntou como é que os políticos podem fazer grandes promessas de campanha sem pensar em quem vai pagar por isso?
  3. Tem um emprego? Se sim, já reparou quanto dinheiro é retirado do seu salário devido aos impostos? O que faria se pudesse gastar esse dinheiro da maneira que gostaria?

Artigos:

  • One Lesson de Henry Hazlitt
  • Why It’s Important to Understand “Economic Costs” de Per Bylund

Livros: