Popularmente, admiradores dos regimes socialistas afirmam que o socialismo causou um crescimento económico na União Soviética, de tal modo que esta se tornou o segundo país com maior PIB no mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos da América. Esta afirmação é correcta, mas esse crescimento económico foi feito de forma ineficiente, de modo que não durou sequer 40 anos sem que as recessões e a estagnação económica contínua atingissem a economia socialista. Até finais da década de 1920, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas tinha uma economia rural e agrária, baseada na produção de auto-consumo, com poucos excedentes. Podíamos afirmar que a economia era bastante feudal e rural.
Porém, quando Estaline chegou ao poder, toma como prioridade que o estado socialista apresente um rápido crescimento económico para que conseguisse competir com a Alemanha e os Estados Unidos, e para isso decidiu transformar a estrutura económica por completo: centralizar a produção, e substituir a produção de mercado por uma produção centralizada. Logo início da década de 1930, Estaline estabeleceu os planos quinquenais, as colectivizações forçadas, as nacionalizações e a alocação de recursos para a indústria pesada. O resultado foi um rápido crescimento económico inicial, mas que não conseguia atender às necessidades individuais dos seus concidadãos. As colectivizações e nacionalizações geraram escassez, mortes e uma fome devastadora. A tragédia económica resultou numa tragédia humana que afectou milhões de famílias, incluindo na região da Ucrânia (veja-se o frequentemente esquecido Holodomor). O Estado soviético alocou – a um ritmo acelerado – a maioria dos recursos para a indústria pesada, sem considerar os seus danos a longo prazo e sem qualquer informação sobre a oferta e procura (escassez e preferências individuais). Como Mises previra, a economia necessita do mecanismo de preços para alocar os recursos de forma eficiente, e a planificação (falhada) da economia soviética demonstrou cabalmente que este tinha razão.
Apesar de gerar um rápido crescimento económico (inicial), a alocação de recursos centralmente atribuída mostrou-se insustentável, pois não baseava na eficiência (fazer escolhas racionais para atender o maior número de necessidades individuais), mas numa alocação contínua de recursos a partir de informação incompleta ou errónea. Isso aumentou a produtividade no sector industrial, mas além de insustentável não gerava inovação, o que impossibilitou que a economia soviética se adaptasse às rápidas mudanças da economia global. A imensa burocracia e falta de inovação iriam revelar-se um problema sério mais tarde… Apesar do rápido crescimento económico, este baseava-se na alocação de muitos recursos para um sector preferencial. O crescimento económico fez a União Soviética tornar-se a segunda maior economia do mundo, mas, como já mencionado, nos anos 60 e 70 a economia soviética acabou por sofrer a inevitável estagnação e declínio.
Ademais, o crescimento económico – note-se, mensurado através dos métodos econométricos mainstream – mascarou a escassez de bens essenciais que, como habitação, alimentos, roupa, que eram invariavelmente sentidos pela população. A economia socialista carecia de incentivos para a produção desses bens (visto que os preços eram regulamentados pelo Estado). Para obter um carro, por exemplo, era necessário esperar de 6 a 10 anos1.
Conclusão
A economia soviética apresentou de facto um rápido crescimento entre as décadas de 1930 e 1950, mas esse crescimento foi de curto prazo e insustentável. A alocação de recursos foi em grande parte para a indústria pesada (nomeadamente bélica), sem considerar os sinais do mercado e das preferências individuais. Inevitavelmente, gerou escassez de bens básicos e desperdício de produtos no sector da indústria pesada, em detrimento da utilização destes recursos em outros sectores.
- Zigurds L. Zile, “Law and the Distribution of Consumer Goods in the Soviet Union,”
in Law in the Soviet Society (Urbana: University of Illinois Press, 1965), p. 228. ↩︎