Uma grande parte dos cidadãos querem uma maior intervenção dos governos na economia para travar a subida dos preços. É a pior estratégia que se pode imaginar. Os governos intervencionistas nunca reduzem os preços ao consumidor porque beneficiam da inflação, dissolvendo os seus compromissos de despesa política numa moeda constantemente depreciada. A inflação é o imposto oculto perfeito. O governo torna a moeda menos valiosa emitindo mais moeda, dissolve parcialmente a sua dívida em termos reais, cobra mais impostos e apresenta-se como a solução para o aumento dos preços com subsídios numa moeda cada vez mais inútil. É por isso que o socialismo e a hiperinflação andam de mãos dadas.
O socialismo rejeita a acção humana e o cálculo económico e vende uma falsa imagem de um governo que pode criar riqueza à vontade, emitindo mais unidades de moeda. Obviamente, quando a inflação chegar, o governo socialista usará as suas duas ferramentas favoritas: propaganda e repressão. A propaganda, ao acusarem as lojas e as empresas de fazerem subir os preços, e a repressão, que ocorre quando a agitação social se intensifica e os cidadãos legitimamente responsabilizam os governos pela escassez e pelos preços elevados, são as duas principais estratégias.
Se queremos preços mais baixos, temos de dar menos poder económico ao governo, não mais. Só os mercados livres, a concorrência e as economias abertas ajudam a baixar os preços ao consumidor. Muitos leitores poderão pensar que temos actualmente um mercado livre com economias competitivas e abertas, mas a realidade é que vivemos em nações cada vez mais intervencionadas e sobre reguladas, onde os bancos centrais e os governos trabalham para perpetuar défices e dívidas públicas insustentáveis. Por conseguinte, continuam a imprimir mais dinheiro, o que leva muitas pessoas a questionar por que razão é cada vez mais difícil para as famílias pagar as contas, comprar uma casa ou para as pequenas empresas prosperarem. O governo está a corroer lentamente a moeda que emite. Chamam-lhe “uso social do dinheiro”.
O que é a “utilização social da moeda”? Na sua essência, significa abandonar uma das principais características da moeda, a reserva de valor, para dar ao governo acesso preferencial ao crédito para financiar os seus compromissos. Assim, o Estado pode anunciar mais e maiores programas de apoio e direitos concedidos e aumentar a dimensão do sector público em relação à economia, criando uma profecia de autorrealização. O Estado emite mais moeda, o que torna o dinheiro dos cidadãos menos valioso. Os cidadãos tornam-se mais dependentes do Estado e vão exigir mais subsídios pagos na moeda que o Estado emite. É, na sua essência, um processo de controlo através da dívida e da desvalorização da moeda.
Quando os governos e os bancos centrais falam de estabilidade de preços, isso significa uma desvalorização anual de dois por cento da moeda. O aumento médio de dois por cento dos preços agregados não é estabilidade de preços, porque é medido pelo índice de preços no consumidor, que é um cabaz de bens e serviços cuidadosamente elaborado e ponderado pelas mesmas pessoas que imprimem o dinheiro. É por isso que os governos adoram o IPC (Índice de Preços no Consumidor) para medir a inflação. Não reflecte totalmente a erosão do poder de compra da moeda. É por isso que o cálculo do cabaz do IPC flutua com tanta frequência. Mesmo que meça com exactidão, subestima o aumento dos preços de bens e serviços não substituíveis, ao adicioná-los a um cabaz de coisas que consumimos, na melhor das hipóteses, uma ou duas vezes por ano. Quando se junta habitação, alimentação, saúde e energia com tecnologia e entretenimento, haverá sempre distorções.
Assim, os governos e os bancos centrais nunca defenderão a estabilidade dos preços. Se os preços agregados caíssem, a concorrência disparasse e os cidadãos vissem os seus salários reais aumentarem e as suas poupanças em depósitos aumentarem em valor real, os seus empregos desapareceriam.
Quando um banco central como BCE baixa as taxas e aumenta a massa monetária após uma inflação acumulada de 22% em quatro anos*, não está a defender a estabilidade dos preços; está a defender o aumento dos preços. Esta estratégia serve para esconder a insolvência financeira dos governos. Uma moeda com um valor em declínio.
São os governos que criam a inflação, gastando uma moeda que está constantemente a perder poder de compra, porque o Estado emite mais do que aquilo que o sector privado exige. Nenhuma empresa ou produtor de petróleo alegadamente maléfico pode fazer com que os preços agregados aumentem e continuem a aumentar anualmente a um ritmo mais baixo. Só aquele que imprime o dinheiro, e os bancos centrais não imprimem dinheiro porque querem; aumentam a oferta de moeda para absorver o aumento das despesas públicas deficitárias.
A inflação é um imposto oculto, um processo lento de nacionalização da economia e a forma perfeita de aumentar os impostos sem irritar os eleitores e, no entanto, culpar as empresas privadas. É provável que o consumidor culpe a loja ou a empresa pelos preços mais altos, não o emissor de uma moeda que perde poder de compra.
Porque é que os governos querem preços mais altos? Porque isso dá-lhes mais poder. Destruir a moeda que emitem é uma forma perfeita de controlo. É por isso que precisam de mais dívida e de impostos mais elevados. Os impostos elevados não são um instrumento para reduzir a dívida, mas sim para justificar o aumento do endividamento público.
Já deve ter lido várias vezes que o governo tem um poder de empréstimo ilimitado e que pode gerir a inflação de forma a permitir-lhe viver confortavelmente. Isso é falso. O governo não pode emitir toda a dívida que quiser. Tem um limite inflacionário, económico e fiscal.
A inflação é um sinal de alerta para o declínio da confiança na moeda e para a perda de poder de compra. O limite económico é evidenciado por um menor crescimento, menor emprego, salários reais mais baixos, estagnação de longo-prazo e diminuição da procura externa de dívida pública.
O limite orçamental é evidenciado pelo aumento das despesas com juros, mesmo com taxas baixas, pelo enfraquecimento das receitas sempre que se aumentam os impostos e pelo facto de os cidadãos e as empresas abandonarem o país em busca de sistemas fiscais mais favoráveis, o que contribui para o efeito multiplicador fraco ou negativo das despesas públicas.
Se queremos preços mais baixos, devemos dar menos poder económico aos governos, não mais.
Um governo que lhe diz que vai pedir emprestado 2 mil milhões de euros* por ano numa economia em crescimento e com receitas recorde e que vai continuar a aumentar a dívida e a pedir emprestado até 2033 com as hipóteses mais optimistas do PIB e das receitas, está a dizer-lhe que o vai tornar mais pobre.
Quando um político promete que vai baixar os preços, está sempre a mentir. Uma moeda mais fraca é um instrumento para aumentar o poder do governo na economia. Quando se descobre, pode ser demasiado tarde.
Dinheiro é crédito e dívida pública é moeda fiduciária. A desvalorização da moeda é inflação, e a inflação é equivalente a um incumprimento implícito. Nenhum governo intervencionista ou banco central quer preços mais baixos porque a inflação permite que o governo aumente o seu poder enquanto lentamente viola os seus compromissos monetários.
*Nota do tradutor
O autor, como exemplos usou dados do FED e o como moeda o Dólar. Tomei a liberdade de alterar essas partes para a realidade Europeia, usando o dados do BCE e como moeda o Euro. Os destaques também são do tradutor.