As pessoas não odeiam o capitalismo, odeiam o corporativismo estatal clientelista. São apenas demasiado iletradas em economia para perceber a diferença.
As pessoas adoram odiar o capitalismo. É o culpado favorito de todos os males do mundo moderno: desigualdade, exploração, más ligações de Wi-Fi… Tudo culpa desse monstro insaciável chamado “livre mercado”. Mas eis a questão: a maior parte do que chamam de “capitalismo” não passa de um jogo manipulado, onde o Estado é o dealer e os grandes tubarões da economia jogam sempre com as cartas marcadas.
A verdade é que as pessoas não odeiam o capitalismo — odeiam o corporativismo estatal clientelista. Mas para perceber isso, teriam de entender um mínimo de economia. E isso, como sabemos, é pedir demasiado.
Se querem saber de onde vêm os monopólios, sigam o dinheiro. E, inevitavelmente, vão dar ao mesmo sítio: o Estado, o grande arquitecto dos monopólios modernos.
Vamos desmontar o truque, ponto por ponto.
1. Concessões: “Isto é Demasiado Grande para Vocês”
O Estado adora dizer que o sector privado é incapaz de levar a cabo grandes projectos sem a sua “ajuda”. Porque, claro, um mercado que criou Amazon, Apple e SpaceX não tem capacidade para fazer uma autoestrada sem supervisão de um burocrata qualquer.
A desculpa para as concessões é sempre a mesma: “O investimento é muito elevado para o mercado livre.” Então, o que fazem? Atribuem o projecto a uma empresa “parceira”, garantem-lhe exclusividade e, claro, cobram impostos para financiar o espectáculo.
Mas eis o detalhe interessante: quando um projecto é concedido a uma empresa privada, é um “monopólio necessário”; quando várias empresas competem entre si sem interferência do Estado, “é preciso regulamentar para evitar monopólios”.
A lógica? Nenhuma. Mas a conta chega sempre ao contribuinte.
2. Regulamentações: “Confia em Nós, Estamos a Proteger-te”
Depois vêm as regulamentações. Ah, as regulamentações! Quem poderia ser contra regras que garantem a segurança dos consumidores? Só um psicopata, certo?
O problema é que a maior parte das regulamentações não existe para proteger ninguém—existe para garantir que os pequenos concorrentes nunca consigam crescer.
Quer abrir um restaurante? Prepare-se para uma inspecção que exige três lavatórios diferentes, mas não se preocupe: o fiscal pode sempre “resolver a situação” por “baixo da mesa”. Quer vender leite de produtores locais? Boa sorte, porque as grandes distribuidoras já garantiram que só o delas é “seguro” para consumo.
É assim que os gigantes do mercado se mantêm no topo: eles não vencem pela concorrência, vencem pelas regras do jogo, que eles próprios escreveram.
O mercado livre é óptimo para os consumidores, mas péssimo para os gigantes que já cá estão. Então, em vez de competirem, preferem pedir ao Estado que dificulte a vida a quem quer entrar no jogo. E o Estado, claro, fica mais do que feliz em ajudar. Afinal, alguém tem de pagar aqueles almoços “grátis”.
3. Subsídios: “Vamos Ajudar os Nossos Campeões!”
Imagine que está numa corrida e o Estado diz: “Queremos que todos tenham uma hipótese justa!”. Parece bom, certo? Mas depois o Estado dá um milhão de euros e um carro de Fórmula 1 a um dos competidores, enquanto os outros ficam com uma bicicleta enferrujada. Isso são os subsídios.
As empresas “estratégicas” recebem isenções fiscais, ajudas à inovação, apoios à exportação… enquanto as pequenas empresas levam com a carga fiscal completa e têm de se desenrascar. No final, quando um pequeno negócio fecha, os políticos dizem “É a selva do mercado, infelizmente nem todos conseguem”. Que conveniente, não?
E quando finalmente percebemos que esses “investimentos públicos” não deram em nada, o que fazem os políticos? Criam mais subsídios, porque claramente o problema foi que o Estado não gastou dinheiro suficiente.
4. Burocracia: “Por Favor, Preencha Estes 27 Formulários”
Se as regulamentações e subsídios não forem suficientes para manter os intrusos afastados, há sempre uma solução final: as barreiras legais à entrada.
Quer inovar na área da saúde? Precisa de licenças especiais. Criar uma nova marca de bebidas? Boa sorte a passar pelos trâmites legais e conseguir um código de barras aprovado. Pensava que a burocracia existia para manter a ordem? Não, ela existe para manter a concorrência fora do jogo.
A burocracia não é um erro do sistema—é o sistema. E serve exactamente para manter os pequenos negócios pequenos e os grandes intocáveis.
Conclusão: O Verdadeiro Monopólio é o Estado
No fim do dia, não são as empresas que criam os monopólios—é o Estado que os constrói, regula, financia e protege. E depois, claro, quando as coisas correm mal, os políticos fazem discursos inflamados contra “os abusos do mercado”, como se eles próprios não fossem os arquitectos desse desastre.
Mas o mais fascinante? O público continua a acreditar que a solução para este problema é… dar ainda mais poder ao Estado! Como se o incendiário fosse também o melhor bombeiro.
E assim continuamos: a esquerda a gritar contra o “capitalismo selvagem”, a direita a fingir que apoia o mercado livre enquanto subsidia os amigos, e o cidadão comum a pagar a conta sem perceber que foi enganado desde o início.
Bem-vindo ao verdadeiro monopólio: aquele que tem uma bandeira, um hino e um exército para garantir que ninguém lhe tira o poder.
As pessoas não odeiam o capitalismo, odeiam o corporativismo estatal clientelista. São apenas demasiado iletradas em economia para perceber a diferença.