“Mas, enquanto em Madrid e Lisboa, Bastiat viu outras nações cometerem os mesmos erros que tinha presenciado em França. Nesse processo, desenvolveu um ouvido apurado contra argumentos ridículos pró-tarifas-alfandegárias. Mais tarde descreveu as suas impressões sobre as legislaturas de Espanha e Portugal:
“Alguns anos atrás em Madrid, participei numa sessão das Cortes. O assunto em discussão era um tratado com Portugal para melhorar a navegação do Douro. Um dos deputados levantou-se e disse:
“Se o Douro for mais facilmente navegável, os custos de transporte de cargas baixarão. O grão português, consequentemente, será vendido a um preço mais baixo nos mercados de Castela e proporcionarão uma concorrência formidável à nossa indústria doméstica. Eu oponho-me ao projecto a menos que os nossos ministros concordem em aumentar os direitos aduaneiros, de modo a restabelecer o equilíbrio. A assembleia achou este argumento irrespondível.”
Três meses depois, eu estava em Lisboa. A mesma pergunta foi a discussão no Senado. Um grande fidalgo levantou-se e disse:
Sr. Presidente, o projecto é um absurdo. A grande custo mantemos guardas ao longo das margens do Douro para evitar uma invasão de Portugal pelo grão castelhano, e, ao mesmo tempo propõe-se, mais uma vez a grande custo, facilitar essa invasão. É uma incoerência com a qual não posso concordar. Deixemos o Douro para os nossos filhos nas mesmas condições que os nossos antepassados o deixaram para nós.”
Bastiat nunca deixou de se maravilhar com as desculpas que os homens arranjavam para avançar com práticas destrutivas que limitavam o comércio. Depreende-se que Espanha e Portugal seriam protegidos a todo custo contra os efeitos nocivos de grão barato e abundante! ”
Excerto de: George Charles Roche III. “Frederic Bastiat: A Man Alone.” Arlington House, 1971. iBooks (pp 39,40)
O original pode ser consultador em pdf aqui.