Qual o problema maior do mundo hoje? A resposta poderá ser a guerra, a fome, genocídio, violência sectária, o assassínio, a matança de bebes no útero? Qualquer uma delas poderá ser uma resposta racional. Mas quando questionado, o papa Francisco respondeu, “o desemprego dos jovens”[1].
É certo, o desemprego dos mais novos é de facto um problema sério. Em algumas áreas dos EUA, o país mais rico do Mundo, este valor atinge 25%. Estas são pessoas que não estão já na escola a tempo inteiro, e que têm mais de 30 anos. É um problema para eles e para as suas famílias, para as suas comunidades, e para os estados providência que os suportam. Mas será este o pior problema do Mundo? Será este um problema para a Igreja Católica Romana? E será algo que o Papa será competente para comentar ou resolver?
Os comentários Papais sobre o desemprego jovem foram recentemente removidos do site do Vaticano. Quase simultaneamente, o Papa publica a sua primeira Encíclica[2]: ensinamentos Papais formais, em contraste com os seus famosos comentários oficiais acabado de chegar do avião.
A sua encíclica [sic][3] é sobre a economia, e revela uma perturbadora ignorância. Digo-o com deferência e respeito. Digo-o também como católico tradicional que lamenta o definhar das tradições sagradas, o enfraquecimento dos ensinamentos morais e a trivialização das práticas litúrgicas do pós Vaticano II. Mas digo-o também com a convicção firme de que o Papa Francisco é o Vigário de Cristo sobre a Terra e, como tal, personifica a autoridade doutrinária da Igreja. Ele é moral e juridicamente capaz de falar ex-cathedra – i.e., infalivelmente – mas apenas após uma pesquisa e purificação à luz dos ensinamentos tradicionais da Igreja e apenas sobre matérias respeitantes à moral e à fé.
Graças a Deus, que a sua autoridade doutrinal é limitada à fé e à moral, pois em matéria de economia, ele está bem fora da realidade.
A sua encíclica, denominada “A Alegria do Evangelho”, ataca o capitalismo do mercado livre pois os pobres demoram muito a tornarem-se ricos. “Estão ainda à espera”, escreve o Papa. Bem, dado a ausência do capitalismo, que recompensa o trabalho árduo e sacrifício, estes estariam infinitamente à espera. Não existe outro sistema económico na história que tenha reduzido a pobreza, gerado mais oportunidades e que visto mais pobres tornarem-se ricos do que o capitalismo. E a essência do capitalismo encontra-se no âmago dos ensinamentos Católicos: a liberdade pessoal de cada pessoa. O capitalismo é a liberdade de arriscar, liberdade de trabalhar, liberdade para poupar, liberdade de reter os frutos do seu trabalho, a liberdade de possuir propriedade e a liberdade de a dar por caridade.
O problema do capitalismo moderno – um problema que fugiu ao escrutínio de Sua Santidade – não é a liberdade em demasia, mas sim a sua ausência. A regulação dos mercados livres feita pelos governos, o controlo dos meios de produção privados pelos burocratas estatais, e as alianças ignóbeis entre governos, a banca e a indústria fizeram aumentar os custos de produção, atrofiaram a competição, estabeleceram barreiras à entrada aos mercados, aumentaram os impostos, desvalorizaram as poupanças, e fizeram que muitos pobres fossem excluídos da força de trabalho. O Papa faria muitíssimo bem em orar por aqueles que usaram o governo para roubar a liberdade para satisfazer a sua luxúria pelo poder, e por aqueles que cederam ao governo para se tornarem ricos através de benefícios estatais e não por via dos frutos do seu trabalho.
Os ensinamentos tradicionais sociais Católicos impõem sobre todos nós que sejamos o guardião dos nossos irmãos. Mas esta é uma obrigação pessoal moral, determinada pela consciência, os ensinamentos da Igreja e os fogos do Inferno – e não pelo poder coercivo do Estado. A caridade vem do coração. Consiste na livre dádiva da riqueza de alguém. É impossível ser caritativo com o dinheiro de outros. Tal é roubo, não caridade.
Se damos ao ponto de tal ser ruinoso, livremente e com base no amor, não procurando qualquer recompensa temporal, conquistamos um tesouro na Eternidade. Mas se o governo nos tira a riqueza e a redistribui àqueles a quem decidiu beneficiar – ricos e pobres igualmente – qual o mérito que daí retiramos? Se damos a uma pessoa pobre um peixe para comer, dia a dia, este estará sempre faminto. Se lhe mostramos como pescar, e o ensinarmos como criar as ferramentas necessárias à pesca, este pobre tornar-se-á auto-suficiente e estará talvez um dia capaz de ajudar outros. Se o governo nos retira o dinheiro para comprar peixe aos pobres, metade desse dinheiro será desperdiçado.
O Papa aparenta preferir a propriedade comum dos meios de produção, o que é marxista, ou a propriedade privada e controlo governamental, que é fascista, ou a propriedade e controlo governamental, o que é socialista. Todos estes sistemas ruíram em cinzas, não em riqueza. O Papa Francisco deverá sabê-lo. Saberá também que quando a Europa estava no caos em 1931, o Papa Pio XI escreveu na sua Encíclica[4]: “Ninguém pode ser a mesmo tempo um Católico sincero e um verdadeiro socialista”.
A Igreja não ensina apenas para hoje, mas sim para a vida do Homem na Terra. É por esta razão que a essência do Papado não é um de resolução de problemas contemporâneos, mas sim o da preservação da verdade e o da continuidade da tradição. Por esta razão, os Papas não contradizem os seus predecessores. Se o foi sagrado ontem, é sagrado hoje.
O Cardeal A. Dolan, o Arcebispo de Nem York, descobriu recentemente problemas estruturais na Catedral de S. Patrick, e a sua reparação irá custar cerca de 200 milhões de dólares. Ele verá em breve esta soma ser paga. De onde virá este dinheiro? Virá do rendimento disponível de ricos capitalistas católicos. Quem irá beneficiar? Os operários que agora trabalham no projecto de restauração, e todos – ricos e pobres – que assistem à missa na restabelecida catedral em conforto e beleza.
Que faremos acerca do Papa e a economia? Devemos orar pela sua fé e compreensão, e pelo regresso à ortodoxia. O que significa a Santa Madre Igreja sob o Vigário de Cristo – salvando almas, e não carteiras.
- Conf. aqui (N. do T.). ↩︎
- Lumen Fidei (N. do T.). ↩︎
- Evangelii Gaudium é na realidade uma Exortação Apostólica (N. do T.). ↩︎
- Quadragesimo Anno (N. do T.). ↩︎